Vejam Também

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Paulinha

Quem diz que me entende nunca quis saber


Dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças
Dos sonhos que se configuram tristes e inertes
Como uma ampulheta imóvel, não se mexe, não se move, não trabalha

Paulinha está trancada no banheiro e faz marcas no seu corpo com sua gilette
Deitada no canto, seus tornozelos sangram.
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela se esquece que é impossível ter da vida calma e força

Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer
Ninguém entende, não me olhe assim, como se eu fosse doente
Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente

Nada existe pra mim, não tente
Você não sabe e não entende

E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Paulinha sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte
Mas esse vazio ela conhece muito bem

Omundo continua sempre o mesmo
O medo de voltar pra casa à noite

A falta de esperança e o tormento

De saber que nada é justo e pouco é certo
E que estamos destruindo o futuro
E que a maldade anda sempre aqui por perto a 
verdade é o avesso a alegria já não tem mais endereço

Paulinha está trancada no seu quarto
Com seus livros, seu cansaço...

Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes.



Adaptacão